
Alquimia Vegetal
As tradições populares denotam a intimidade que a cozinha tem com a saúde.
Os príncipios das plantas pedem que nos arrisquemos a provar o estranho sabor do desconhecido, o que nos leva a aceitar que até os amargos têm os seus benefícios.
Durante a aprendizagem do Herbalismo há momentos-chave e quase todos eles passam pela nutrição, pela introdução das espécies silvestres na nossa rotina diária.
Como Herbalista vivo com um pé no verde e outro na mesa da cozinha/laboratório e nesses entre-tempos tudo vai se transformando com a Roda do Ano: são infusões, desidratações, macerações, conservas, fermentações,
tudo para deliciar a nossa saúde e a nossa ligação com o que cresce ao nosso redor.
HERBALISMO EM 6 TEMPOS
a minha receita de ensino
Eu gosto de ensinar o Herbalismo como um ofício sincronizado com os ritmos terrestres. Na verdade, é o aceitar da curiosidade pela mudança constante. Como o corpo humano é reflexo dessas alterações, como na mudança das estações, devemos aprender a preparar-nos, a ouvirmos os primeiros sinais e a sentir aqueles que estão mais enraizados e crónicos. Criamos a partir daí fórmulas que nos devolvam a harmonia e uma melhor condução do corpo como elemento dinâmico e vital.
Vai para além de aprendermos a estar atentos e com os 5 sentidos sintonizados. É uma maneira de aprofundar o conhecimento através da leitura dos sinais das plantas e dos corpos: a sua morfologia, as cores, os odores, secreções, sabores, as suas companhias...
O conhecimento vem pela prática e repetição, pois só assim conseguimos evoluir por termos de comparação das diferenças. Para mim o registo de todos os processos de transformações é central nesta lavoura com as plantas espontâneas e medicinais, seja ele em forma de receita, livro, lengalenga, desenho ou música. Só com o registo da prática, tal qual oficina antiga, é que conseguimos chegar ao conhecimento de Alquimista ou de Herbalista.
As várias manifestações dos usos das plantas só porque foram repetidas, escritas ou ritualizadas é que permaneceram entre nós até aos dias de hoje.
O Herbalista é portanto, aquele que transporta o conhecimento vegetal até à manifestação material da saúde , a favor da posteridade.
Gostava de Aprender mais?

1. Atenção
Aquilo que nos chama numa planta está na verdade a pedir que haja comunicação entre os reinos. As plantas podem piscar-nos o olho de várias maneiras: umas lançam perfumes, outras dançam, umas brilham destacando-se das outras...
- ÂNIMO -

3. Prática
Só com a experiência directa com cada planta é que nos aprofundamos como Herbalistas. O cheiro, o sabor, o toque, são por nós interpretados, já começam a ser conhecidos e passamos a convidá-los à mesa no dia-a-dia.
- ACEITAÇÃO -

5. Libertar
Com o que foi integrado é tempo de brincar. Dá-se espaço à materialização de uma nova criação, mais do que a soma das partes, cada obra que nasce desta inspiração é única e necessária ao mundo. É uma co-autoria: nossa e do mundo, naturalmente.
- GERAR -

2.Leitura
Da presença atenta chega-nos o espaço para conhecermos a história da planta: a beleza dos seus estágios de crescimento, de cada adaptação que lhe deu a forma, das outras espécies que usualmente a circundam. Devemos usar a leitura directa mas também estudar profundamente em livros e material de consulta.
- ENTENDIMENTO -

4. Confiar
Sem receios de errar, este é o tempo da maturação da experiência, da repetição e do aprimoramento. Como quem pratica um oficio, no início tem que se repetir continuamente até se ganhar calo. Só depois dessa entrega é que a nossa memória e experiência pessoal se reflecte nas criações, como obra de autoria própria.
- ENTREGA -

6. Celebrar
E como cada nascimento deve ser celebrado este é o tempo dos rituais. O reconhecimento do que foi feito, como forma de reverência ao mundo natural e para que haja continuidade. Neste nosso Portugal fora temos várias manifestações da inclusão das plantas nas festividades rurais e outras podem ser relembradas.
- RITO -


